‘Yes Man’

Um traço de personalidade: adquirido ou inato? Intencionalmente ou não?

 

Estar disponível, ser prestável e sempre pronto a ajudar pode ser uma virtude, mas se for exagerado, sistemático e motivado pelo medo de desapontar ou de ser rejeitado pelos outros, tem efeitos nefastos. Na prática é ter a atitude “certinha” e fazer tudo aquilo que os outros gostam para ficar bem visto na “fotografia”, mesmo que à custa do sacrifício das suas convicções. Mais tarde ou mais cedo o excesso de zelo ganha contornos indesejáveis e “mina” a forma de relacionar-se com os outros. Sendo que os nossos jovens estão mais vulneráveis a este comportamento. Não admira que as redes sociais gozem uma importância na vida destas pessoas, à conquista dos “Likes” que tem o seu quê de narcisismo.

Quando somos postos à prova num teste de personalidade ficamos a tremer, para que não nos saia na rifa uma figura como o “yes man”. O famoso perfil cujo seu significado na infopédia é sinónimo de “capacho ou carneirinho”, o que não deixa de ser no mínimo desconcertante e divertido. Confesso que é desde há muito tempo, considero que esta é uma figura contraditória e até complexa.

O termo “yes man” é frequentemente usado de maneira depreciativa nas empresas para descrever um homem ou mulher que é percebido como excessivamente agradável e hesitante em compartilhar pontos de vista contrários. Não acho que a responsabilidade recaia apenas sobre o indivíduo. No entanto, a minha experiência diz-me que a maioria das pessoas fica assim, porque responde a uma cultura ou liderança que induzem e recompensam esse tipo de comportamento. A maioria dos chamados “yes man” fazem o mínimo que precisam fazer para sobreviver a um cenário de liderança disfuncional. Muitas vezes é preciso encontrar um “culpado”!

Tenho testemunhado, com frequência nos últimos tempos a um convívio com algumas culturas organizacionais que são contraditórios com o ambiente que os líderes dizem criar. Referem que simplesmente que os seus elementos da equipa, não conseguem acompanhar as suas ideias e projetos mais criativos, e que ficam tristes e desiludidos porque não ter ninguém para ajudar a realizá-los. A sua agressividade e prepotência gera submissão e conformismo, porque tem no imediato a “faca e o queijo na mão”. Esta liderança caracteriza-se pela valorização da sua “verdade” e da sua “razão”. Contudo, um líder não pode ser um eucalipto, em que “seca tudo à sua volta”. Aquilo que acontece é que os seus colaboradores não se destacam dentro das organizações porque os líderes continuam a não valorizar, nem a promover a responsabilidade como fator de desenvolvimento dos seus colaboradores, particularmente aqueles que tem um bom potencial e que se encontram preparados para tal.

É importante que o líder promova a comunicação e de uma forma inteligente que permita um ganho transversal por toda a companhia e que permite a materialização de ganhos inimagináveis, como o compromisso e o “engagement” de todas as partes.

Aquele líder que todos nós conhecemos, muito focado nas urgências a todo o instante, o verdadeiro “Bombeiro” que não conhece profundamente a sua equipa, não escuta as suas pessoas, que tem metas audaciosas para cumprir, mas não sabe delegar… está longe de ser um verdadeiro líder.

No final desta narrativa, ter um “yes man” na empresa dá sempre algum jeito a alguns líderes obsoletos, pois é uma figura importante que serve para descarregar frustrações e de encontrar sempre alguém “disponível” para dizer, SIM.

Porto, 10 de Novembro de 2021

Nuno Moreira

Director

Stanton Chase Portugal – Your Leadership Partner

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