“Lealizar” – Artigo por José Bancaleiro

Há muito que os “Marketeers” perceberam que os investimentos na lealdade dos seus clientes são muito mais rentáveis que os que são efetuadas na sua mera retenção. No âmbito da gestão de pessoas, pelo contrário, continuamos a falar muito em retenção e pouco em lealdade, conceitos que são, contudo, bastante distintos. A retenção é um processo organizacional que se materializa através dum conjunto de medidas destinadas a reduzir a percentagem de saídas voluntárias de colaboradores de elevado desempenho. A lealdade é um comportamento auto motivado por uma ligação emocional a uma organização.

Uma estratégia de retenção de colaboradores passa habitualmente por medidas de índole financeira (prémios diferidos no tempo, “Stock Options” pagamento de curso com pacto de permanência, etc) e faz com que o colaborador se mantenha na empresa (pelo menos enquanto durar o efeito das “gratificação”), mas não garante que o colaborador mantenha ou melhore o seu desempenho. A lealdade, pelo contrário, é fortemente influenciada pela EVP (Employer Value Proposition ou Proposta de Valor) que a Organização tem especificamente para esse colaborador, conceito este que é central na gestão de pessoas e que inclui, para além das habituais componentes financeiras (remuneração), os aspetos relacionados com a função a ser desempenhada, as possibilidades de desenvolvimento, a liderança e a reputação organizacional

Para as organizações, a EVP é um conceito vital porque é com base nela que conseguem atrair os talentos que necessitam para futuro e, em simultâneo, e também que conseguem manter os talentos que sustentaram o seu sucesso passado. Para as pessoas, a EVP é também determinante porque, perante uma proposta de mudança, elas comparam a proposta de valor, que lhe é apresentada com aquela que têm no seu atual empregador. Sair ou ficar é o resultado final desta comparação.

A lealdade está intimamente ligada ao conceito de compromisso organizacional, isto é ao grau em que os colaboradores se comprometem com os interesses da sua organização e como colocam a sua energia e criatividade ao seu serviço. O profissional comprometido assume com clareza a sua responsabilidade por, custe o que custar, alcançar um determinado resultado e sente-se “accountable” por isso. O envolvido sente uma genuína vontade de contribuir, em conjunto com outras pessoas, para alcançar esse objetivo, mas não se sente como sua a obrigação de o atingir. O empenhado assume o objetivo e, voluntariamente, orienta a sua energia para o atingir, mas não sente vinculado em alcançar o resultado. O compromisso é a forma mais elevada de motivação.

Lealdade e compromisso estão ao nível das atitudes, ie, das predisposições para responder de maneira favorável ou desfavorável a objetos, pessoas e conceitos (Allport), originando convicções e sentimentos de atração ou de rejeição a seu respeito e contribuindo para determinar os seus comportamentos em relação a eles. São as atitudes que determinam os comportamentos, pelo que é ao nível das atitudes que deveremos atuar para obter modificações continuadas do comportamento humano, nomeadamente, quanto ao trabalho.

Colaboradores leais estão mais felizes, mais alinhados com os valores e com os objetivos, são mais produtivos, mais inovadores e mais defensores das suas organizações.

É por isso que defendo que mais importante que reter é “lealizar”!

Sintra, 30 de Abril de 2018

José Bancaleiro

Managing Partner

Stanton Chase International – Your Leadership Partner

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