Ser uma referência

O que é uma referência? Qual o papel que ela tem para nós? Qual o significado para nós? Estas perguntas têm sempre a maior relevância, mas têm uma maior acuidade e impacto em momentos de crise como o que vivemos.

Uma pessoa que é uma referência é alguém que tendo-se cruzado connosco, na nossa vida profissional ou pessoal, nos transmitiram valores, pensamentos, formas de ser ou de estar que nos serviram e continuarão a servir como um ideal que nós prosseguimos, é alguém a quem se recorre, mental ou fisicamente, perante assuntos ou situações adversas, complexas e por vezes de difícil resolução.

Uma referência é alguém, uma ou várias pessoas, com o qual nos identificamos e nos revemos de uma forma que nos dá segurança e conforto ao pensar como é que ele/ela lideraria com esta ou aquela situação.

Mas não é uma referência quem quer, é quem pode! Tudo depende das características de cada um de nós, é neste sentido individualizado e personalizado a cada caso, isto quer dizer que é relevante que alguém tenha algo que o/a, distingue. Vários fatores podem concorrer para este facto: ou pelo seu conhecimento técnico que alguém possui, ou pelo seu estilo de liderança, ou pelos seus traços de personalidade ou ainda pelo seu comportamento. São fatores geradores da confiança técnica ou pessoal capaz de ser alguém que, por vezes sem saber, “guia” e “orienta” as tomadas de decisão profissionais de outra pessoa, em regra, mais jovem.

 

Lembro-me de forma marcante da minha referência, que desde há cerca de 30 anos norteou a minha forma de ser, vou simplesmente chamar-lhe “L”, foi o meu primeiro “chefe”, um verdadeiro leader, em toda a aceção da palavra, via sempre o lado positivo das pessoas, com ele eu tinha a noção que valia mais, que tinha importância e que fazia a diferença para aquela empresa.

Era um Head Financeiro, maduro, conhecedor e experiente, um gentleman, uma pessoa com mundo, possuidor de uma abordagem pragmática das questões sempre muito orientado para a solução e, acima de tudo, era possuidor de uma inteligência muito acima da média o que o transformava num baluarte, num garante, daquela multinacional norte americana onde tive o privilégio de exercer as minhas funções de gestor de RH pela primeira vez, sendo por isso a minha “escola”.

A afiliada portuguesa era então líder de mercado, éramos considerados, uma afiliada de sucesso, num mercado altamente competitivo, como o era o dos eletrodomésticos, pese embora o peso relativo que o mercado português, em regra, tem. “L” era alguém que nos encorajava e nos fazia ir mais longe e também por isso Portugal era considerado como uma afiliada muito dinâmica e por vezes de vanguarda e como ouvi aos colegas de Itália algumas vezes, onde estavam os nossos headquarters europeus, molto bene.

Mas, às vezes a vida surpreende-nos e uma vez quando estava a conversar com uma pessoa que já não via há muito tempo, uma profissional de gestão de recurso humanos que tinha estagiado na equipa de Recursos que eu então liderava, disse-me com simplicidade Carlos por vezes eu penso em si como uma referência para mim e quando tenho de decidir penso em como o Carlos, faria. Sinceramente se existem momentos de verdade na nossa vida profissional senti que este era um deles e para quem tem uma ideia de deixar um “legado” como eu tenho, fez-me sentir bem, fez-me sentir que fiz a diferença na vida profissional de alguém.

A minha referência profissional “L”, deixou nos no ano passado sem que eu alguma vez tenha conseguido dizer-lhe obrigado por ter sido tão importante na minha vida e no meu desenvolvimento profissional, na minha carreira e, provavelmente, no que sou hoje, por isso a minha homenagem e o meu agradecimento a todos os que “tocam”, todo os dias, a vida profissional de alguém, sendo uma referência.

Até sempre “L”, bem hajas.

 

Carlos Filipe Oliveira

Partner

Stanton Chase Portugal  – Your Leadership Partner

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